quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Com Schin, Kirin vira sétima maior do mundo


Negociação com cervejaria japonesa será contestada por acionistas minoritários da Schincariol


A aquisição do controle da Schincariol pela Kirin surpreendeu o mercado internacional pelo valor investido (R$ 3,95 bilhões por 50,45% das ações) em uma região fora das principais áreas de atuação da companhia japonesa – leia-se Ásia e Oceania. O negócio confirma a expansão da estratégia de internacionalização da empresa para outras partes do globo.

O crescimento global é uma meta prioritária para a Kirin, mediante o cenário nada animador para o seu mercado de origem, no qual disputa, cabeça a cabeça, a liderança entre as cervejas com a Asahi Breweries – em 2010, a concorrente ficou com 37,5%, contra 36,7% da Kirin, em uma inversão das posições consolidadas no ano anterior.

Segundo o Euromonitor, o mercado japonês de cervejas não deve crescer quanto a volume até, pelo menos, 2015. A projeção em relação a valores é ainda mais dramática, com queda de 2% estimada para o período. Os números da Kirin para o segundo trimestre de 2011 serão divulgados apenas na próxima sexta-feira 5, mas, entre janeiro e março deste ano, o faturamento da empresa com bebidas alcóolicas diminuiu 8,2% em comparação ao mesmo período de 2010.

As expectativas domésticas negativas não batem com o planejamento da Kirin, que, em 2006, estipulou metas para dobrar de tamanho em dez anos. Os japoneses partiram, então, para uma série de aquisições de participações em companhias estrangeiras, como a australiana Lion Nathan e a filipina San Miguel, em 2009, além da joint-venture com a China Resources Entreprise, maior produtora de cervejas chinesa, para a produção e distribuição de bebidas não alcoólicas no país.

“A aquisição de metade da Schincariol tornará a Kirin a sétima maior cervejaria do mundo em volume, com 2,8% do share. Mais importante, porém, é a continuidade da estratégia de reduzir a sua dependência do estático mercado doméstico japonês, cujas margens de lucro vêm caindo constantemente”, diz Jeremy Cunnington, analista sênior para bebidas alcoólicas da Euromonitor. Ele adverte para os riscos da aquisição e as dificuldades que os japoneses devem enfrentar no controle da Schincariol, que tem perdido participação para concorrentes apesar do crescimento do mercado brasileiro.

“A Schincariol está sobre forte pressão da AB Inbev em seu principal mercado, no nordeste brasileiro. Para reverter esse quadro, a Kirin terá que investir muito dinheiro para, ao mesmo tempo, estancar o avanço da AB Inbev e expandir o alcance geográfico em busca de crescimento em participação”, avalia Cunnington. “Isso certamente será caro e desafiador, especialmente em um mercado no qual a Kirin  tem pouca experiência.
 
MINORITÁRIOS NÃO RECONHECEM A NEGOCIAÇÃO
Os acionistas donos das 49,55% das ações de Schincariol que não entraram no acordo com a Kirin questionarão a legitimidade da negociação. Distribuído na tarde desta terça-feira 2 à imprensa, comunicado assinado por José Augusto, Daniela e Gilberto Schincariol Junior reproduz parte do estatuto da companhia que prevê aos atuais acionistas a preferência para a compra de participações na empresa.

Leia abaixo trecho do comunicado.

Em defesa do Direito e dos interesses dos colaboradores, fornecedores e consumidores brasileiros, os acionistas que detêm 49,55% das ações do Grupo Schincariol declaram não reconhecer a legitimidade de qualquer negócio envolvendo a transferência das ações para terceiros, como o que acaba de ser divulgado pela imprensa. A legislação e o estatuto social da Schincariol são claros nesse sentido. Nenhuma das partes pode ofertar suas ações a terceiros antes de garantir aos sócios o direito de preferência que lhes é assegurado.
Fonte:meioemensagem.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário