
Valor da negociação de compra da DPZ pelo Publicis Groupe gira em torno de US$ 60 milhões, bem abaixo dos US$180 milhões oferecidos pela Talent, no ano passado
A notícia não é oficial, mas o valor que está sendo negociado pela participação de cerca de 50% do Publicis Groupe na DPZ gira em torno de US$ 60 milhões. A consultoria Estáter, de Pérsio de Sousa, que participou da negociação da fusão do Grupo Pão de Açúcar com as Casas Bahia e também da própria negociação da Talent com o Publicis, teria sido contratada pela DPZ para esse deal. O que, segundo o mercado, é um sinal claro de que talvez desta vez um dos maiores ícones da publicidade brasileira ainda 100% nacional esteja perto de se render ao capital estrangeiro.
O valor envolvido na negociação suscita a conclusão de que a postura de heróis da resistência dos três sócios da DPZ – Roberto Duailibi, Francesc Petit e José Zaragoza – custou a perda de valor da empresa que eles fundaram há 42 anos.
Só para se ter uma base de comparação, em 1997 quando a DM9 vendeu 49% de suas ações à DDB Worldwide, o que acabou se configurando na maior negociação envolvendo agências de publicidade da época, as cifras chegaram a US$ 100 milhões. Só que a primeira opção da DDB era justamente a DPZ, com quem até teve sociedade na extinta DDB Needham entre 1992 e 1997. A DM9 era a quarta maior do mercado brasileiro de acordo com o ranking de Agências & Anunciantes, na época em que foi vendida à DDB, com receita (sim, naquele tempo era possível se fazer um ranking por receitas!) de R$ 46, 7 milhões. E a DPZ era a segunda maior agência do País, com receita de R$ 61 milhões. Ou seja, caso a DPZ fosse vendida à DDB naquele longínquo ano de 1997, o valor em questão seria muito maior do que os US$ 100 milhões negociados com a DM9.
De lá para cá, o assédio de grupos internacionais à DPZ continuou intenso e sempre houve uma posição clara dos três sócios de negar participação ao capital estrangeiro. A última negociação que chegou a avançar um pouco mais do que um simples namoro foi com a japonesa Dentsu, da qual foi também sócia ente 2004 e 2009 na Dentsu Latin America. Antes disso, o WPP também, por meio da Grey, na época em que Silvio Matos estava no seu comando, chegou perto de bater o martelo.
A passagem do tempo, a dinâmica do mercado, a falta de plano claro de sucessão e a perda de posições dentre as maiores agências do País foram fatores que fizeram com que o cacife da DPZ fosse pouco a pouco sendo desvalorizado. No próximo ranking Agências & Anunciantes, que será divulgado no dia 30 de maio, que lista as maiores compradoras de mídia do País, a DPZ figura na 23ª posição com volume de investimento de R$ 259 milhões. A Talent – cuja negociação envolveu valores da ordem de US$ 180 milhões e que também envolveu a QG – figura no mesmo ranking na 16ª colocação com volume de compra de mídia de R$ 356 milhões.
Ou seja, se não aproveitar o ótimo momento em que as ações de agências brasileiras estão em alta, fruto de um momento econômico histórico do País, a DPZ corre o risco de novamente perder o bonde da história.
Fonte:meioemensagem.com.br
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