quinta-feira, 30 de junho de 2011

A contraofensiva do Casino


Franceses teriam comprado mais de US$ 1 bilhão em ações da CBD


Além de publicar um comunicado ao mercado bastante pesado nessa quarta-feira 29, onde acusou Abilio Diniz de agir ilegalmente e romper um acordo selado em 2005, o grupo francês Casino estaria comprando ações da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), para se contrapor ao que considera uma tentativa de aquisição hostil arquitetada por Diniz.
A disputa concentra-se no controle da CBD, holding que controla as redes Pão de Açúcar, CompreBem, Extra, Sendas, Assaí, Ponto Frio e Casas Bahia. Atualmente presidida por Diniz, que também é presidente do Conselho de Administração da companhia, a CBD passará de fato ao Casino, sócio minoritário há mais de uma década, em junho de 2012. Até lá e sem necessitar desembolsar mais nenhum centavo, sua participação acionária crescerá paulatinamente.
O acordo prevê ainda que Diniz e seus familiares não poderão atuar no ramo do varejo, a menos que suas participações minoritárias na CBD sejam inferiores a 10%; atualmente, é de 21%. Os últimos lances do Casino, que contratou o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias para defendê-lo, se deram após o banco de investimentos BTG Pactual anunciar ter feito uma proposta aos acionistas para unir o Pão de Açúcar e as atividades no país do Carrefour, concorrente direto do Casino no mercado francês.
Executivos ligados ao BTG afirmaram ainda que encaminharam uma proposta de negócio também ao BNDES, que teria enquadrado a operação e iria agora analisar sua viabilidade financeira. A operação seria feita por meio da BNDESPar, controlada do BNDES que administra suas participações minoritárias em empresas privadas.
O Casino acusa o empresário brasileiro de costurar o acordo em segredo, envolvendo o controle da CBD, em parceria com o BTG e o grupo Carrefour. Diniz, por sua vez, nega que esteja agindo contra a lei e, em entrevista ao Jornal Nacional, disse que considerava relevante o BNDES defender o controle da CBD em mãos de um empresário brasileiro.
Em sintonia com a postura de Diniz, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, e o ministro do desenvolvimento Fernando Pimentel, a quem a BNDESPar está subordinada, saíram em defesa do negócio, afirmando que não se trata de usar dinheiro público. “É uma operação enquadrada pelo BNDES. Não é operação de crédito do BNDES, não tem recurso público envolvido, nem FGTS, nem Tesouro. É a BNDESPar que vai fazer isso. É ação de mercado, não tem nada a ver com decisão do governo”, disse Gleis. Para Pimentel, o acordo proposto por Diniz e o BTG serviriam também para ampliar a comercialização de produtos brasileiros em outros países. “Vamos ter, pela primeira vez, em uma grande cadeia varejista internacional, produtos industrializados brasileiros lá fora”, declarou Pimentel.

Os depoimentos sugerem a disposição de o governo apoiar as ambições de Diniz em construir um Novo Pão de Açúcar, mesmo diante do impasse com o Casino. Seria uma espécie de Ambev do varejo, dizem analistas, na linha defendida por Luciano Coutinho, presidente do BNDES, de criação de empresas brasileiras com capacidade de concorrer globalmente. Um eventual Novo Pão de Açúcar, no entanto, terá necessariamente de ser aprovado pelo Cade, órgão responsável por zelar pela concorrência. Estima-se que a companhia resultante da fusão teria 37% do mercado varejista nacional, com índices superiores a 60% em grandes centros, como São Paulo.


Fonte:meioemensagem.com.br

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