sexta-feira, 24 de junho de 2011

A nova mídia do iPad, de Bollywood, da China e do 3D


Cannes Debate mostra que News Corp e DreamWorks trabalham sob uma nova perspectiva sobre a mídia


Esqueça o velho mundo em que cinema era coisa de norte-americano, que jornal era apenas conteúdo impresso em um papel e em que olhar para a TV era uma experiência corriqueira. Martin Sorrell, CEO do grupo WPP, convocou dois dos nomes mais importantes da mídia mundial para mostrar que o futuro chegou e que a maneira como os conteúdos são consumidos mudou muito. James Murdoch, Chairman e CEO da News Corp. International e Jeffrey Katzenberg, co-fundador da DreamWorks falaram sobre os novos paradigmas do mercado, a começar pela revolução dos tablets.

"O iPad é o aparelho mais poderoso criado durante o período de nossas vidas", garante Katzenberg. "Eles trazem implicações que modificam muito a maneira de se engajar. Basta observar que o tablet de cada pessoa diz exatamente quem ela é, do que ela gosta e o que ela faz. E tem um papel fundamental para a educação, pois tem força para engajar as crianças e dar acesso", afirma. "Acho que ao invés de iPad, deveria se chamar WePad, porque ele mostra exatamente o que todos nós somos", conclui.

Para Murdoch, a educação, especialmente, é um dos campos que ganha um novo patamar. "A tecnologia irá revolucionar a maneira como as coisas são na educação. Poderemos analisar a performance dos professores, ter mais alunos acessando o conteúdo de um professor, e levar conhecimento para novos lugares", diz. Sem contar, claro, o jornalismo, especialidade da News Corp. "O dinamismo do digital traz uma revolução, porque nos permite contar mais histórias com novos conteúdos além do impresso", ressalta.

Os dois executivos parecem apostar também em novas tecnologias de exibição de imagens. "As capacidades HD revolucionaram nosso negócio e o 3D eu também acho que faz o mesmo, porque leva ao consumidor uma experiência muito mais imersiva. As duas causam uma revolução na arte do storytelling", conta Murdoch. Katzenberg vai além: "O 3D é a maior inovação tecnológica do mercado de cinema nas últimas décadas e representa uma grande oportunidade", arrisca, embora faça uma crítica a alguns tipos de conteúdos. "O 3D não pode ser visto só como uma maneira de aumentar os preços cobrados das pessoas nos cinemas, mas sim uma maneira de criar um conteúdo realmente premium para eles. A tecnologia precisa trabalhar a serviço do artista, para gerar imagens e experiências visuais relevantes. Em nosso caso, cada filme que fazemos procuramos exceder as expectativas das pessoas", diz.

A revolução da mídia passa também pelo fator geográfico. Sorrell citou especialmente China e Índia como novas fronteiras para as empresas do Ocidente. "A China tem um crescimento explosivo no cinema e se seguir crescendo ao ritmo de 2,5 novas telas por dia, será dentro de quatro anos o maior mercado mundial para nós. É um país com uma cultura muito diferente mas que oferecer oportunidades de criatividade", diz Katzenberg."Já a Índia tem uma indústria de TV muito forte e há pelo menos 12 anos dá um salto de qualidade e criatividade. Sem contar Bollywood, que é uma indústria muito criativa e fragmentada´", analisa Murdoch.

Por fim, Sorrell fez duas perguntas espinhosas. Questionou Katzenberg se ele votaria em Barack Obama novamente, ao que recebeu um sim, afirmando ainda que nunca um presidente assumiu o cargo diante de uma situação tão difícil. "As pessoas costumam esquecer isso", afirma. Murdoch avisou, bem humorado, que não falaria sobre política. Mas recebeu logo em seguida: "Você vai comprar a Fórmula 1?". Após risos e nenhuma resposta, o Cannes Debate foi encerrado.


Fonte:meioemensagem.com.br


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